sexta-feira, 26 de abril de 2013

Alzheimer

Olá, eu sei que não te lembrarás de mim, mas eu nunca te esquecerei. Independentemente de te relembrares um dia ou não, eu sou a tua filha, aquela menina que te faz o almoço e o jantar todos os dias, que te dá um beijinho sempre que vais dormir, que te ajuda a encontrar as coisas que não te lembras onde se encontram. E por muito que doa saber que nunca te lembrarás daquilo que eu faço ou deixo de fazer por ti, eu continuarei até ao fim dos teus dias, a tratar-te como soubesses que és minha mãe. Prometo nunca desistir de te ajudar, independentemente de não te lembrares sequer do meu nome. Mas eu sei que a culpa não é tua, a tua doença simplesmente não permite que me ames porque nem disso te consegues lembrar. Eu lembro-me de tudo, lembro-me de ser pequenina e à noite vermos as estrelas tentando perceber se alguém as desenhou ou se simplesmente aconteceram, lembro-me de quando ia dormir e ficavas sempre comigo até eu adormecer, de quando ficávamos até tarde a falar de todos os meus problemas da escola ...
  Eu sei que esses momentos nunca voltaram, porque tu, a minha mãe, não te lembras do meu nome nem o consegues escrever, do meu aniversário, ou da data em que me caiu o primeiro dente . Vais esquecer tudo, e não há cura, até de mim. Quando o dia em que tu me perguntares 'quem és?' eu vou só tentar não chorar e  abraçar-te. E mesmo que não te lembres, eu amo-te mãe.

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