terça-feira, 1 de abril de 2014

Ás cegas

Sentados sobre as cinzentas e tristes folhas de inverno. Pouco a pouco, passo a passo, construindo uma estrela, sobre a escuridão que me rodeia. É tudo uma questão de cabeça, saberás se a possuíres. E vejamos como cresce, como é linda, como se sente confortável aqui. Irmã dessa tão rara e maravilhosa criatura, a lua. Irmã de todos os turbilhões de sentimento espalhado pelo universo, assim como na terra.
  Humanidade, seres inúteis e destruidores de tudo aquilo a que temos direito, tudo aquilo que nos rodeia, tudo o que é bom, tudo o que é mau, o que nos faz bem e o que nos faz mal.
  Concentra-te nos pássaros, consegues ouvi-los? Som da liberdade, nem mais nem menos que tudo aquilo que a humanidade deseja, ou algum dia desejou. Então caiem-te as palpebras, doce melodia, foca-te no que realmente importa. Concentra-te nas montanhas, no lago, na pequena aragem dos ventos de oeste, em tudo o que de bonito a vida tem. Está na altura de imaginar, cabe-te a ti decidir o que de melhor a vida tem. Como é triste saber que a humanidade se comporta como uma rocha abandonada á beira de uma praia vazia e solitária, sem qualquer tipo de emoção, sem afeto, sem amor. E o que é da vida sem amor ? Amor aos pais, amor aos irmãos, amor ao verde das folhas de uma árvore, ou ao castanho, ou até mesmo quando a vida parece triste e as folhas perdem a cor. Amor ao que se vê, e amor ao que não se vê. Passamos a vida preocupados com o que conseguimos ver, que nos esquecemos de fechar os olhos e descobrir que a vida é tão melhor do que aquilo que pensamos.
  E então pego nesta estrela, inspiro. E abraço-a como se nada houvesse além de nós no universo.
  Oh, como deverá brilhar. Quanto maior o amor que oferecemos ás coisas maior o prazer de viver. Cada vez maior, cada vez mais linda, tão simples, tão nossa, tão verdadeira. Grata, por te ter aqui, por te poder sentir.
  E é tão bom não te ver e saber que estás lá.