domingo, 28 de julho de 2013

Lágrimas

É isto que fazem os demónios? é isto que pensam? ou simplesmente não pensam, agem?
  Oiço os teus gritos todas as noites na minha cabeça, nas cavidades do meu cérebro, esse que neste momento de nada me serve. Oiço-te suplicares ajuda, mas não a minha, neste momento de nada sirvo. Sou apenas aquela pedra que te faz tropeçar e que odeias por te ter impedido de continuar a caminhar. Pára, por favor. Pára, que tormento ouvir-te gemer, e eu, simplesmente, sem poder ajudar, porque sou a causa de cada grito, de cada gemido.
  Sonho todos os dias com um velho quarto, sujo, sem qualquer vestígio de mobília, papel de parede rasgado e espalhado pelo chão, e tu, a um canto, encolhido, a chorar, nem mais nem menos que lágrimas de cor vermelha, lágrimas de sangue. Olheiras, retiram-te qualquer expressão de felicidade que tentasses possuir. Horrível, simplesmente deprimente ouvir-te chorar daquela maneira, por mim.
  Convoquei todos os anjos, todos os pássaros, todos os corações, os bons corações para que te componham, que façam de ti aquilo que eras, e principalmente que me apaguem, que apaguem tudo o que de mim vês e o que não vês, que apaguem esta asquerosa alma, depressão imensa.
  Lembro-me de ti, sorriso. Lembro-me do quão bem me fazias quando moravas no rosto de quem sabemos. Volta, peço-te que voltes, pela pessoa que era, precisa de ti. E se assim for preciso, se ela assim quiser, doar-lhe-ei o meu, para que lhe possam devolver o dela.
  Quem te irá amar? quem irá lutar?
  Amo-te, mais que a doce e imensa liberdade de um pássaro, mais que a eterna melodia que é o canto deles mesmos, dos pássaros.

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